Ações de recuperação do rio das Velhas garantem melhoria da qualidade das águas

Imprimir

Governo de Minas faz o maior investimento do país em programa de despoluição de bacia hidrográfica.

O projeto ‘Revitalização da Bacia do Rio das Velhas - Meta 2010' encerra o ano de 2008 com resultados expressivos. A comprovação da volta dos peixes ao rio é o principal e mais visível indicador da melhoria da qualidade da água. O biomonitoramento realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por meio da Ong Projeto Manuelzão, constatou que peixes que subiam somente 250 km na bacia em 2000, hoje já são identificados ao longo de 580 km, chegando bem próximos às áreas consideradas mais degradadas do rio.

Outro indicador positivo é o volume de esgoto tratado pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), que passou de 41 milhões de m3 em 2003 para 80 milhões m3 em 2008. Em Belo Horizonte, principal município gerador de esgoto na bacia, o volume tratado subiu de 25% em julho de 2003 para 60% em julho de 2008. "O objetivo é que, até 2010, 85% do esgoto coletado na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) receba tratamento", observa o gerente adjunto da Meta 2010 pela Copasa, Ronaldo Matias.

O Projeto Estruturador Meta 2010 tem como principal objetivo elevar a qualidade das águas do rio das Velhas para Classe II. Essa melhoria significa que a água poderá ser destinada ao abastecimento doméstico, após tratamento convencional, a atividades de lazer (natação, esqui aquático e mergulho), à irrigação de hortaliças e plantas frutíferas e à criação de peixes (aqüicultura).

Obras e mobilização

Somente em 2008 foram investidos pelo Estado, sem contar com recursos da Copasa, cerca de R$ 2,3 milhões em ações de saneamento, ordenamento do uso do solo, manutenção e recuperação da cobertura vegetal, além de ações de mobilização, educação e extensão ambiental.

O valor total de recursos previstos para investimentos do Governo de Minas no projeto é R$ 1,2 bilhão aplicados na implantação de estações de tratamento de esgoto (ETEs) em municípios da RMBH, interceptores e ampliação de redes coletoras, além de empreendimentos e intervenções conjuntas com as prefeituras do trecho metropolitano da bacia, entre Itabirito e Jequitibá. 19 ETEs já estão em funcionamento, com previsão de instalação de mais 11 estações até o final do prazo proposto pelo projeto.

Para 2009 estão previstos investimentos de R$ 1,05 milhão em ações de saneamento e intervenções em fundos de vale, educação e mobilização ambiental, integração das informações da rede de monitoramento da qualidade da água, projetos de intervenções para municípios fora da concessão da Copasa, viabilização da navegação turística, trabalhos de extensão ambiental e a elaboração do plano de saneamento ambiental da Bacia do Ribeirão da Mata.

Segundo a coordenadora executiva da Meta 2010 pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Myriam Mousinho, o grande foco de recuperação da bacia é o saneamento, mas também estão sendo realizadas ações de manutenção e recuperação da cobertura vegetal com ênfase em matas ciliares e áreas de recarga hídrica, ações de mobilização, educação e extensão ambiental, integração da rede de monitoramento da qualidade da água e estudos de viabilidade para a implantação de navegação turística no trecho compreendido entre Sabará e a Fazenda Jaguara Velha, em Matozinhos.

Em parceria com a UFMG, por meio do Projeto Manuelzão e do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), o Instituto Estadual de Florestas (IEF) também vem atuando na recuperação de áreas degradadas e da cobertura vegetal com o plantio de 1.800 hectares entre 2008 e 2010.

Em 2008, cerca de 2.000 pessoas participaram dos 17 seminários de mobilização realizados pelo projeto com o objetivo de envolver a sociedade do entorno da bacia em ações de educação ambiental e promover a sensibilização, a mobilização e a participação da comunidade nas atividades da Meta 2010. Foram realizados também três seminários para a capacitação de professores das redes municipal, estadual e privada de ensino.

Paralelamente, programas de extensão ambiental, incluindo o manejo integrado de micro-bacias, a implantação de bacias e terraços de captação de chuvas, a proteção de nascentes e de Áreas de Preservação Permanente (APP) estão sendo executados pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater), com atuação direta junto aos produtores rurais.

Seminário Internacional sobre Revitalização de Rios

Para conhecer iniciativas de sucesso desenvolvidas no mundo e promover a troca de experiências entre gestores públicos e profissionais de diversas áreas, o Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema) e a Copasa realizaram em setembro o 1º Seminário Internacional Sobre Revitalização de Rios.

Durante o evento, foram apresentadas experiências de revitalização de rios em todo o mundo, como a do Tâmisa, em Londres, do Sena, em Paris, do Anacostia, em Washington e do rio Isar, na Baviera, além de experiências brasileiras como o rio Tietê, em São Paulo e rios Mosquito e Velhas, em Minas Gerais.

O seminário foi realizado dentro do escopo do Projeto Estruturador Meta 2010 e serviu para discutir os desafios para a recuperação de rios que passam por grandes metrópoles. As discussões durante o evento ressaltaram a necessidade da união de esforços entre governo, sociedade civil organizada e iniciativa privada.

 

Fonte: Ascom/Sisema