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Mudanças climáticas e seus efeitos pautam 4ª edição do Diálogos com o Sisema

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Qual a diferença entre mudanças climáticas e aquecimento global? E qual é a interferência de ambos os fenômenos no cotidiano das pessoas? Dúvidas dessa natureza, além de outras questões relacionadas ao tema pautaram a quarta edição do evento “Diálogos com o Sisema”, espaço de discussão de temas ambientais que o Governo de Minas Gerais abre mensalmente com a sociedade. As reuniões são organizadas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). A última foi realizada nessa quinta-feira, 4 de maio. 

O convidado para a quarta edição foi o gerente de Energia e Mudanças Climáticas da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Felipe Nunes. Ele coordena a equipe que desenvolve e acompanha ações relacionadas ao combate às mudanças climáticas no Estado, traçando estratégias que estimulem uma economia de baixo carbono.

Nunes explicou que o aquecimento global ocorre em todo o planeta, mas com variações regionais, e em alguns lugares mais que em outros. “O aumento na temperatura provoca as mudanças climáticas que podem causar, inclusive, invernos mais rigorosos ou primaveras pouco chuvosas em algumas regiões”, observa.

“O clima sempre mudou, porém, nas últimas décadas tem se alterado mais significativamente”, afirma. Ele lembra que gerações mais antigas percebem e relatam essas mudanças, especialmente no volume de chuvas. E ele explica que, a interferência humana, com a expansão das cidades e a diminuição da cobertura de vegetação têm provocado alterações no microclima.

Nunes explica que o aquecimento global é inequívoco e o homem é o principal causador segundo a ciência. “Os céticos quanto ao problema somam cerca de 3% da literatura mundial”, afirma. O calor gera ainda energia na atmosfera, que será descarregada de alguma forma, e isso acontece na forma de eventos extremos. Um exemplo foi a recente temporada de furacões no hemisfério Norte, que registrou três categorias do fenômeno.

Impactos

Nunes explica que os impactos provocados pelas mudanças climáticas incluem a redução da disponibilidade hídrica superficial e subterrânea, a diminuição da produtividade agrícola e a perda de volume em reservatórios de hidrelétricas, entre outros efeitos. “Um aspecto que provoca enormes gastos em termos de recursos e perdas para a biodiversidade é a elevação do risco de incêndios florestais”, afirma.

“Os impactos são múltiplos e passam por várias áreas: hídrica, agricultura, segurança alimentar, florestas e até turismo, já que regiões que têm visitação em áreas naturais de cachoeira podem ter problemas com a disponibilidade de água”, afirma. “A saúde pública também é muito afetada, com ondas de calor e baixa umidade cada vez mais frequentes”, completa.

Em Minas Gerais, os prognósticos até o ano de 2070 são de aumento médio na temperatura de 1º a 3ºC na região de ocorrência de Mata Atlântica, que correspondem à Zona da Mata e ao Leste do Estado. O crescimento na temperatura pode vir acompanhado de um aumento nas precipitações, ao contrário do restante do Estado, onde ocorre o bioma Cerrado que deve ter redução nas chuvas e aumento médio de temperatura de 5ºC.

Felipe lembra que as aparentes pequenas mudanças nas médias das temperaturas são acompanhadas de grandes alterações nos extremos. Segundo ele, análises do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) sobre o aumento de temperatura no planeta indicaram que o aquecimento de 0,85ºC registrado até o ano 2000 provocaram um aumento de 18% nas tempestades. “Um crescimento de 2ºC significará um número 40% maior de eventos do tipo”, afirma.

Felipe Nunes observa que Minas Gerais tem buscado construir uma política de enfrentamento aos efeitos das mudanças climáticas desde 2005, quando foi criado o Fórum Mineiro de Mudanças Climáticas. Desde então, dentre outras ações, foi elaborado o Inventário de Emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE) de Minas Gerais, por meio de um acordo de cooperação celebrado com a França, que gerou o Índice Mineiro de Vulnerabilidade Climática (IMVC), além do trabalho realizado durante a Copa do Mundo de 2014, quando foram calculadas as emissões de carbono, a chamada “pegada”. A Pegada Ecológica é uma metodologia de contabilidade ambiental que avalia a pressão do consumo das populações humanas sobre os recursos naturais.

Outro estudo, o Plano de Energia e Mudanças Climáticas, segundo Felipe, é um dos principais instrumentos desenvolvidos no Estado como política transversal de médio-longo prazo (2020-2030), com objetivo de promover a transição para a economia de baixo carbono. O trabalho inclui ações específicas para os setores energia, agricultura, florestas e outros usos do solo, transportes, indústria e resíduos.

Outra ação desenvolvida pela Feam, destaca Nunes, são as capacitações sobre efeitos das mudanças climáticas realizadas com as equipes de Defesa Civil do Estado e dos municípios. “São as pessoas que sentem na prática os efeitos dos eventos extremos e temos que dar uma resposta à sociedade”, afirma.

O evento “Diálogos com o Sisema” é realizado mensalmente pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). A proposta é abrir espaço para debate sobre temas relevantes ao meio ambiente e ampliar as discussões sobre a temática ambiental com os setores da sociedade civil, academia e organizações não governamentais.

O calendário com as próximas edições, bem com as informações já realizadas está disponível aqui.
 

Emerson Gomes
Ascom/Sisema

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