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Compartilhar é fio condutor na política de recursos hídricos em Minas

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Foto: Janice Drumond

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O secretário, Germano Vieira, chamou a atenção para a prioridade que foi dada ao tema Água em Minas Gerais neste ano

Interessados na gestão de recursos hídricos em Minas resgataram as principais discussões do 8º Fórum Mundial da Água em evento realizado em Belo Horizonte, na última quinta-feira, 20 de abril. O Seminário “Compartilhando Experiência das Águas” apresentou um resumo do Fórum Internacional e também do Fórum Alternativo da Água (Fama) realizados no mês de março, em Brasília. Destacou ainda detalhes da presença da delegação de 18 servidores do Governo de Minas Gerais nos eventos.

Essa foi a primeira vez que o Fórum Mundial foi realizado no Hemisfério Sul e, neste ano, foi o maior das oito edições, com participação de aproximadamente 120 mil pessoas, sendo 60 mil crianças. Doze chefes de estado compareceram ao encontro internacional. O Brasil concorreu com oito países e, ao final, disputou com a Dinamarca para ser a sede.

No seminário mineiro, promovido pelo Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sisema), as discussões ficaram centradas na questão do compartilhamento da água, uso sustentável, planejamento e gestão de recursos hídricos, segurança hídrica, entre outros assuntos. Também foi lançada em Minas a publicação Compartilhando Experiências das Águas de Minas Gerais. O material reúne 63 artigos técnicos relacionados a recursos hídricos e foi preparado como material mineiro para o Fórum.

Presente na solenidade de abertura, o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Germano Vieira, chamou a atenção para a prioridade que foi dada ao tema Água neste ano. “A premissa de gestão do Sisema em 2018 é a de recuperação dos recursos hídricos em qualidade e quantidade. Temos buscado alternativas de planejamento e gestão e estamos internalizando e compartilhando para o Estado as discussões do Fórum Mundial”, afirmou.

Já a diretora-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Marília Carvalho de Melo, citou a interface das temáticas do Fórum Mundial com as políticas mineiras. Segundo ela, essa ação que funciona como uma devolutiva do Fórum, mostrando o que a delegação de Minas trouxe na bagagem, tem importantes medidas estruturantes que podem ser aplicadas no Estado. 

Prova disso é que a questão da água tem relação com diversas áreas da gestão pública. “O Brasil tem muitos eventos ligados à questão hídrica como surtos de Zica e H1N1, questões não resolvidas de saneamento básico e grandes problemas recentes como foi o desastre de Mariana que afetou o rio Doce”, afirmou o diretor da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal, Jorge Werneck.

Foto: Janice Drumond

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Jorge Werneck ressaltou as cartas produzidas durante o 8º Fórum Mundial da Água

 

Também membro do Comitê Diretivo e Coordenador Temático do 8º Fórum Mundial da Água, Werneck explicou que o tema do Fórum foi o compartilhamento, não só de água, mas de responsabilidades. Ao final do evento, foram elaboradas sete Declarações de Processos Políticos, duas Declarações de Sustentabilidade, 18 Declarações Regionais, dentre outros documentos produzidos coletivamente.

“São cartas orientadoras para políticas de recursos hídricos que serão disponibilizadas na página do Fórum na internet (www.worldwaterforum8.org), assim como os relatórios finais que estão sendo elaborados”, explicou Jorge Werneck.

O seminário teve ainda a presença do coordenador geral do Fórum Nacional de Comitês de Bacia Hidrográficas, Hideraldo Bush, que lembrou o caráter prático do evento. “As discussões foram voltadas para o cidadão e com aplicabilidade direta no dia a dia das pessoas”. E ainda do assessor da Presidência da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), João Bosco, que destacou a importância da água como bem público. “Ela é um direito humano e isso foi uma das diretrizes do Fórum Mundial”, disse.

Foto: Janice Drumond

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O coordenador geral do Fórum Nacional de Comitês de Bacia Hidrográficas, Hideraldo Bush, falou das discussões voltadas para o dia a dia das pessoas

Ações mineiras para preservação de recursos hídricos também foram lembradas durante o evento. Uma delas foi apresentada pelo responsável pela Gestão Ambiental da Geração e Transmissão da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Ênio Marcus Brandão Fonseca. Ele disse que a empresa está investindo no plantio de árvores em áreas estratégicas para aumento da produção de água. “Já plantamos cerca de 30 milhões de mudas por meio do programa Plantando o Futuro”, afirmou.

O Fórum Mundial das Águas ocorre a cada três anos e já passou por Daegu, na Coreia do Sul (2015); Marselha, na França (2012); Istambul, na Turquia (2009); Cidade do México, no México (2006); Kyoto, no Japão (2003); Haia, na Holanda (2000); e Marrakesh, no Marrocos (1997). A nona edição, em 2021, será em Dacar, no Senegal, e terá como tema Segurança Hídrica para Paz e Desenvolvimento.

Esta edição em Brasília ocupou o Centro de Convenções Ulysses Guimarães onde ocorreram palestras e painéis, e também o Estádio Nacional Mané Garrincha, que sediou a Vila Cidadã e os 94 estandes de 19 países.

Fama

Com atividades paralelas relacionadas à temática água, o Fórum Alternativo Mundial da Água (Fama 2018) foi realizado em Brasília no mesmo período do 8º Fórum. O evento reuniu organizações e movimentos sociais que lutam mundialmente em defesa da água. O sociólogo Edson Aparecido da Silva, integrante da Coordenação Nacional do Fama observou que em todas as outras edições dos Fóruns Mundiais, desde Marrakesh, em 1997, os Fóruns alternativos também foram realizados.

“Assim como o Fórum Mundial, o Alternativo foi um evento gigante, até mesmo pela dimensão do Brasil”, afirmou Edson. Segundo ele, 180 atividades foram realizadas na Universidade de Brasília (UNB), de forma autossugestionada. Os relatórios estão sendo reunidos e serão compartilhados na internet, no endereço http://fama2018.org

Edson da Silva afirmou que cada painel do Fama foi organizado com a presença de pessoas do Brasil, da América Latina e de países de outras regiões do mundo, sempre com paridade de gênero. “Juntamos quilombolas, indígenas, piscicultores, trabalhadores urbanos, agricultores, todos que utilizam água”, afirmou.

Uma das deliberações do Fórum foi a criação do Observatório Nacional pelo Direito à Água e ao Saneamento. “A ideia é produzir informação sobre recursos hídricos sob a perspectiva do movimento sindical e dos movimentos populares”, destaca Edson da Silva.

Fechando o Seminário, o especialista em planejamento sócio ambiental, mestre em Geografia e membro do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH), Wilson Akira Shimizu afirmou que a política sobre as águas deve ser construída de forma negociada. “Os Comitês de Bacia são espaços para se estabelecer políticas negociadas e metas”, afirmou Shimizu. “Cabe a nós darmos sequência ao Fórum, juntando e estudando documentos no nosso espaço de construção de políticas”, completou o engenheiro civil, que também integra o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba.

Arte

O Seminário “Compartilhando Experiência das Águas” foi realizado no auditório do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH), localizado no mezanino do Terminal Rodoviário de Belo Horizonte. Além das explanações e debates, a programação contou ainda com uma intervenção do grupo teatral "Os Sustentáveis", que usou a música e o bom humor para mobilizar a sociedade sobre questões relacionadas ao uso consciente da água.

O grupo formado por funcionários de diversas unidades da Copasa fez duas apresentações: uma durante o seminário e outra voltada para o público da rodoviária. O roteiro, figurino, maquiagem e as paródias musicais dos espetáculos são criações dos próprios integrantes.

Foto: Janice Drumond

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O grupo teatral "Os Sustentáveis", chamou atenção para a questão do uso consciente da água

Outra iniciativa dentro da programação do seminário foi a exposição “Povo D’Água-Memória do Vivido”, composta por bordados que ilustram nove bacias hidrográficas de Minas Gerais. As peças confeccionadas por 71 funcionários da Copasa, retratando memórias e vivências na construção da trajetória de 50 anos da empresa, ficaram expostas durante todo o dia no andar térreo da rodoviária. 

O projeto Povo D’água representou a oportunidade para que os empregados vivenciassem um processo criativo e de desenvolvimento humano. O trabalho usa o bordado como expressão e forma poético-visual.

Livro

Durante o evento foi lançada a publicação “Compartilhando Experiências das Águas de Minas Gerais - Brasil”, uma parceria entre Igam, Cemig e Copasa. Ela já havia sido apresentada durante o 8º Fórum Mundial da Água.  

Dividida em dois volumes, a publicação reúne 63 artigos técnicos de autores ligados ao poder público, universidades, organizações não governamentais e empresas públicas e privadas. Apresenta ainda estudos e boas práticas que promovem o uso sustentável dos recursos hídricos no Estado. 

Foto: Janice Drumond

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A diretora-geral do Igam, Marília Melo, apresentou a publicação “Compartilhando Experiências das Águas de Minas Gerais - Brasil”

 

Os autores foram selecionados pelo Igam, por meio de chamamento público. “Abrimos um edital em janeiro e recebemos mais de 200 experiências de gestão de recursos hídricos de todo o Estado, mostrando a multiplicidade de ações”, afirmou Marília Melo. O material também está disponível em formato digital, no site do Instituto (www.igam.mg.gov.br)

O Seminário “Compartilhando Experiência das Águas” também foi a comemoração oficial do Governo de Minas Gerais para o Dia Internacional da Água. A data é celebrada no dia 21 de março. “Esse ano as atividades foram adiadas para abril em função do Fórum Mundial”, explica a organizadora do evento, a analista ambiental do Igam Caroline Correia.

Emerson Gomes
Ascom/Sisema

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